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Resenha – Extraordinário

extraTítulo: Extraordinário
Título Original: Wonder
Editora: Intrínseca
Ano: 2013
Páginas:  320
Sinopse: August Pullman, o Auggie, nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial, que lhe impôs diversas cirurgias e complicações médicas. Por isso ele nunca frequentou uma escola de verdade... até agora. Todo mundo sabe que é difícil ser um aluno novo, mais ainda quando se tem um rosto tão diferente. Prestes a começar o quinto ano em um colégio particular de Nova York, Auggie tem uma missão nada fácil pela frente: convencer os colegas de que, apesar da aparência incomum, ele é um menino igual a todos os outros.

Postado Por: Yuri Hollanda

Conheci esse livro no skoob. Vi lá o banner, uma capa bem bonita, branca, com um menino na capa, destacando com preto, e apenas um olho aparecendo. O nome me chamou bastante atenção. “EXTRAORDINÁRIO”. Impactante. Coloquei na minha lista de VOU LER, e DESEJADOS. Acabei comprando. Pois bem, o que eu esperava que fosse EXTRAORDINÁRIO, se mostrou pouco extra e muito ordinário. Não foi uma completa decepção, mas digamos que foi uma nota de 6 em 10, para um livro que eu criei expectativas demais, achando que daria com prazer uma nota máxima, depois de tantos elogios que eu via. Além do mais, uns amigos meus no skoob já o tinham lido, e colocaram até como favorito! Comprei realmente achando que iria gostar MUITO.

O ponto que me fez realmente desgostar de Extraordinário é a escrita. Por ser sobre bullying, centrado num garoto que tem uma deformação facial, esperava uma coisa realmente tocante, impactante, que me chocasse realmente. Mas apesar do protagonista ter uma deformação realmente feia, a escrita me poupou do sentimento de dó. Eu não senti dó nenhuma do August, desculpa, Palacio, mas você não conseguiu me tocar com sua escrita.
Na verdade, acho que foi pela escrita em primeira pessoa. Claro, o livro alterna entre o ponto de vista de cada personagem, não é toda hora o August. Isso é um ponto positivo para mim, que estava na página 50 e já estava cansado do August. Entre todos, o ponto de vista que mais gostei foi o de Jack.

Outro ponto negativo é que os personagens são caricatos demais. DEMAIS! Não me passam emoção, não me fazem me apegar a eles. É uma leitura escassa. Compreendo que os personagens são crianças, mas... o que custava, então, ter feito uma escrita em terceira pessoa? Eu acho que ela conseguiria transmitir o sentimento que ela queria transmitir muito mais do que o que ela conseguiu. O August não quer que as pessoas sintam pena dele, portanto não sentimos. Mas os outros personagens... ok, eles não sentem exatamente “dó” do August também, mas... esperava um sentimento de repulsa maior, algo mais cruel... algo mais humano em Extraordinário.

Peguei esse livro achando que seria um livro sobre bullying tão bom quanto Carrie, A Estranha do Stephen King. Porém vejam, eu não estou querendo menosprezar o livro comparando com um evidentemente superior. Talvez eu tenha me acostumado com coisas mais cruéis do humano, e imaginado que Extraordinário também seria assim.
Mais uma vez, repito, que sei que os personagens são crianças, que eles não tem essa capacidade de ter ódio (ou tem, pelo menos em Extraordinário as crianças não tem é sentimento nenhum). Mas o bullying que o livro supostamente iria transmitir é pobre. Pobre mesmo, e te faz questionar “porque diabos ele está chorando? Por causa DISSO?!” O próprio mini-vilão é caricato demais...

A mais próxima de humana ali é a irmã de August, Via. Quando lemos o ponto de vista dela, vemos que ela sente raiva de August por ser tão “protegido” pelos pais. Nisso Palacio acerta. Nos mostra como os deformados/doentes/whatever também são privilegiados pela anomalia, por mais que essa proteção seja menor do que a crueldade que eles enfrentam. Mas no círculo social Pai-Mãe-Irmã-Irmão, claro, o que tiver a doença será privilegiado, e o que não tiver será, conseqüentemente, deixado de lado. Via é a menos hipócrita de todos os personagens. Doeu ter só uma parte com pontos de vista dela. Estava torcendo para chegar outro com ela, seria mais fácil de terminar o livro (por mais que seja uma leitura extremamente fácil).

Finalizando, Extraordinário não é um livro ruim. Eu só não achei ótimo também. Sei que muita gente irá discordar, mas eu queria que esse livro fosse um pouco menos hipócrita. As pessoas que tem anomalia não gostam de ser protegidas por isso. August não me passou essa sensação de não gostar de ser protegido pela anomalia. Ele até deixava em alguns pontos, de bom grado... E ele fica tão chocado quando qualquer coisinha acontece, ele sai chorando, e berrando, com aquele discurso chato de “ninguém me ama”. Acho que Palacio tentou passar uma mensagem, mas passou de forma errada. Ela criou um anti-herói fraco, que se deixou levar pelas críticas, tendo sempre os amigos como defesa. Não acho que isso seja o modo certo de tratar coisas como anomalias. Mas não sou um expert nisso, nem tenho anomalia nenhuma para falar. Só estou expressando a minha opinião única e exclusivamente sobre o livro. E pra mim, ele não superou as expectativas. Na verdade, nem chegou perto.




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