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Análise: Doctor Who - 7ª Temporada


Hoje vai ao ar The Time of the Doctor, episódio que marcará o fim da era do 11th Doctor e a despedida de Matt Smith. Por isso, resolvemos fazer um análise rápida da seu último ano na série, e repassamos tudo que aconteceu nessa desestruturada, porém ótima temporada. 

A 7ª temporada veio como todas as outras; repleta de mistérios e cheia de promessas. E, pode se dizer, que com um lado emocional ainda maior.

Carregada de sentimentalismo, ela nos trouxe a despedida de alguns personagens importantes e, além da introdução de Clara - nova companion do Doctor -, ela nos apresentou um lado diferente da série.

É visível que sua produção também foi mais cuidadosa. Os efeitos, os cenários, os figurinos... tudo parece estar mais “limpo”. As atuações e histórias também não decepcionaram, e mesmo que não tenha tido um plot definitivo, ela conseguiu ser uma das melhores da série até aqui. A temporada, é claro, teve seus furos, mas nada que atrapalhasse no seu desenvolvimento.
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Outra coisa que vale ressaltar sobre ela, é que aqui o protagonista da vez não é o Doctor.
Todos sabemos que são as companions que moldam a série, mas o Time Lord que é o centro de tudo. E é nisso que a sétima temporada foi diferente.

Durante os episódios, os papéis se invertem, e ao invés das companions correrem para o Doctor, é ele que tem que correr para elas.
A primeira parte da temporada, por exemplo, é toda sobre a transição dos Pond entre uma “vida de aventuras na TARDIS”, e uma “vida normal na Terra”, e percebemos desde a prequel Pond life que Amy não está mais tão dependente do Doctor quanto era lá pela 5ª temporada.

O Doctor também percebe esse “desapego”, e em alguns momentos, podemos ver o misto de compreensão e desespero nele. Afinal, todos que o acompanham acabam encontrando seu fim, e ele não quer isso para os Pond - principalmente agora que eles estão vivendo uma vida de verdade. Mas por outro lado, ele não quer ficar sozinho, e nem os quer longe dele. Sendo assim, ele sempre tenta encontrar uma desculpa para tê-los por perto.

Apesar de tudo, os três permanecem juntos, sempre tentando evitar a ideia de um fim. E é assim até The Angels take Manhattan, onde Amy faz finalmente sua escolha.

Na segunda parte não é muito diferente. Vemos um Doctor mais sombrio, é claro. Isolado de todos, e amargurado pela perda daqueles que ele considerava sua família. Mas isso é só até ele encontrar Clara, sua "Impossible Girl".
Ela é um pouco como Donna. Inteligente e capaz de coisas que nem o próprio Doctor consegue.
Mas não é isso que chama sua atenção, e sim o mistério que a envolve.

Clara já o encontrou duas vezes, em duas épocas diferentes, e morreu em ambas ocasiões (Ta aí o motivo dela ser impossível).
Devido a isso, o Doctor acredita que a história dela ainda não acabou, e que ela ainda pode estar por aí.
Sendo assim, ele parte em busca dela e de mais respostas.

Quando finalmente a encontra, ela não aceita ir com ele (pelo menos não inicialmente), o que o deixa mais intrigado, e faz com que ele sempre tenha que se provar para mantê-la ao seu lado, buscando constantemente uma forma de impressiona-lá. Tudo para que ele consiga descobrir quem ela realmente é.

Logo as respostas do seu mistério vão surgindo e as peças se encaixando. E no decorrer disso, vemos o quão humana Clara demonstra ser (devo dizer que até mais que algumas companions antes dela) e temos cada vez mais certeza que ela é apenas uma garota normal. 
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Porém, apesar da sua performance, muito se reclamou do desenrolar da personagem, apontando que ela não possui uma personalidade e que a "Garota impossível" se resumia apenas no título.
Só que as pessoas parecem ignorar os momentos em que ela é colocada a prova...

Clara é sim uma personagem forte e mais do que apenas uma peça para o enredo. O problema, é que o mistério que a envolvia ofuscava o seu desenvolvimento - que foi tratado de forma bem sutil. 
Em episódios como Hide e Cold War, por exemplo, podemos observar o quão 'real' a personagem é, demonstrando fraqueza e medo quando posta em perigo. Ela também não demora pra perceber que o mundo de maravilhas com o Doctor não é totalmente seguro, e que há sim uma chance de tudo dar errado.

Em The Rings of Akhaten e The Bells of Saint John nós ainda conhecemos algumas de suas motivações, o que também já diz muito da personagem. Afinal, ela coloca a própria vida em segundo plano pra ajudar os outros, mesmo que isso signifique abrir mão de algo importante para ela.

E, ao contrário do que estamos acostumados a ver, ela também não passa a mão na cabeça do Doctor quando ele faz algo errado. Apesar de confiar fielmente nele, ela o enfrenta várias vezes, sempre questionando suas atitudes. O que às vezes faz com que o Timelord busque aprovação.  Um exemplo disso é algo que vemos ainda em The Rings of Akhaten, quando Clara o confronta e diz que não esta ali para competir com "fantasmas do passado". (O que, aliás, também serve para alguns fãs da série, que ficam de viuvice em cima dos seus personagens 

Também vale mencionar, que mesmo tendo todo o tempo e espaço a seu dispor, ela ainda insiste em viajar com o Doctor apenas uma vez por semana (nas quartas- feiras), para que assim ela possa tomar conta das crianças do Maitland. O que não é nem um pouco convencional.

Ok que é normal desconfiar de tanta bondade, mas tal desconfiança acabou cegando as pessoas quanto a ela. Em apenas 8 episódios (tirando os especiais) ela demonstrou ser altruísta, impulsiva, insegura, inteligente e totalmente independente. Além de ter certa obsessão por controle.
Ela é, ao mesmo tempo, o reflexo e o oposto do Doctor (lembrando bastante da Donna). Dito isso, não entendo onde a caracterização dela pode ter sido falho.

No entanto, é compreensível a frustração das pessoas em relação as primeiras versões de Clara, que tinham um jeito bem mais divertido que a 'original', e habilidades que prometiam muito mais para a personagem. Várias coisas deixaram aquele sentimento de "podia ter sido melhor". E realmente podia! Se tivesse seguido um outro caminho.
Enfim...
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A temporada também nos apresentou um lado mais sombrio do Doctor. Além de um melhor de desenvolvimento, onde nos aprofundamos ainda mais na mente do Time Lord, e passamos a entende-lo um pouco melhor (principalmente na sua reta final).
Matt Smith deixa sua marca e mostra - pelo menos pra mim - que o 11th Doctor é o mais complexo desde o retorno da série.

Ele, consegue demonstrar todo o peso que o Doctor carrega com apenas um olhar e poucas palavras, e realmente nos faz acreditar que o homem que vemos é um velho, cansado de tudo que passou, e das perdas que sofreu.

O belo discurso de The Rings of Akhaten mostra bem isso. Assim como os momentos iniciais de A Town Called Mercy e o final de Dinosaurs on a Spaceship, onde vemos o Doctor tomar decisões que não são tipicas dele.
Tais decisões também podem ser vistas como um reflexo na falta que as companions fazem em sua vida. Afinal, elas tem maior influencia nele, do que ele nelas; e como Donna já havia dito: Ele precisa de alguém para pará-lo as vezes.

Para aqueles que reclamam do Doctor ser tratado e incorporado como um Deus na série atual, isso é contraponto fortíssimo, já que o vemos demonstrar um comportamento bem humano, e até mesmo exasperado em situações que nem ele consegue lidar. A Journey to the center of the TARDIS é outro episódio que mostra isso.

Tal episódio, aliás, foi criticado pela forma que o Doctor confronta a Clara, mas veja bem: A TARDIS dele tava prestes a explodir. Ele, o DOCTOR, não sabia o que fazer! Junta isso com uma garota impossível e é isso que dá. E mesmo assim, apesar de tudo, sabendo que a Clara pode ou não ser uma armadilha, ele ainda se arriscou pra salvar ela.

Ta, de uma forma ou de outra ele ainda foi bastante manipulador durante essa temporada, e egoísta também. A culpa na partida dos Ponds, por exemplo, é de certa forma dele. Sua insistência em ficar voltando para eles acabou acarretando em suas "mortes". Acredito que se ele tivesse agido como o 10th, e deixado eles seguirem com suas vidas, tudo seria diferente; mas ele não seria o 11th se fizesse isso.
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Muitos alegam que suas ações são uma quebra de personalidade, e que vão contra o que seu antecessor era; mas querendo ou não, o 11th é homem diferente! Ele age e pensa de forma diferente.
Então por que isso seria uma descaracterização do personagem? O Doctor não se resume a essência do 10th! O 6th era completamente rude e cheio de si (ele quase matou sua companion!) O 7th podia ser bem frio e calculista. Para alguns, matar era até uma opção. Isso já é algo do personagem!

A ideia do Doctor ser pacifista, fazia sentido uma vez que ele ainda se recuperava da Guerra do Tempo, e sentia a culpa pelo que tinha feito; mas depois de anos insistindo nisso, o conceito começou a ficar velho, desgastante... E assim como a própria guerra, isso estava limitando a série. Então também é mérito da temporada ter dado um jeito nisso. Tanto na forma que o Doctor lida com as coisas, quanto a destruição de Gallifrey.
E é sempre bom explorar esses lados obscuros do Timelord, para lembrar que ele não é um Ser perfeito. Além de também dar um certo desafio para Matt Smith, que entregou sua melhor atuação aqui e que infelizmente saiu em seu melhor momento na série.* Tal desenvolvimento só pode ser preparação pra algo.

* Não posso deixar de mencionar a atuação do Smith em Nightmare in Silverepisódio escrito por Neil Gaiman. Os diálogos do Mr. Clever e Doctor são incríveis, e as personalidades muito bem diferenciadas. Matt conseguiu fazer tudo da forma mais natural possível.
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O problema da 7ª temporada, talvez tenha sido a sua divisão, que acabou causando uma quebra de clima entre as duas partes. Enquanto a primeira parte, que teve apenas cinco episódios, conseguiu introduzir novos personagens, ter um história mais linear e um melhor desenvolvimento no lado dos Ponds - que era algo que os personagens careciam -, a segunda parte ficou dependendo apenas de episódios soltos, perdendo assim a oportunidade de investir em algo mais contínuo.

Apesar desses episódios terem tido uma qualidade bem acima da maioria dos fillers da série, a coisa toda ficou um pouco cansativa; se não fosse pela Clara, seria difícil saber por onde a história estava indo. O que preocupou bastante, considerando que era o ano do aniversário de 50 anos. 

Por outro lado, isso ajudou na popularização da série ao redor do mundo. Os episódios se tornaram 'filmes da semana' e por fim chegamos ao que seria a verdadeira temporada de 2013, a incrível trilogia "...of the Doctor".
Então sim, a s7 foi menos consistente que suas anteriores; mas também provou que pode ser boa fora do convencional. Podendo assim ser avaliada pelo crescimento e desenvolvimento dos personagens e por suas histórias individuais. 

Obs.: O retorno da UNIT e a introdução de Kate Stewart não podem ser esquecidos; Pois além de serem parte importante na mitologia da série, também oferecem várias possibilidades para o futuro da série.
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Para encerrar, deixo aqui dois vídeos que marcaram essa temporada. Ambos foram usados na divulgação de dois grandes acontecimentos, e merecem ser vistos por todo mundo que acompanha a série.

"P.S." Cena não gravada que mostra os acontecimentos pós The angels Take manhattan


"She said, He Said" Prequel da season finale: The Name of the Doctor



Review do dois especiais que fazem parte da temporada:



nanomag

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