Título Original: The Help
Autor(a): Kathryn Stockett
Editora: Bertrand
Ano: 2011
Páginas: 574
Sinopse: Uma história de otimismo ambientada no Mississippi em 1962, durante a gestação do movimento dos direitos civis nos EUA. Eugenia 'Skeeter' Phelan, jovem que acabou de se graduar e quer virar escritora, encontra a resistência da mãe, que quer vê-la casada. Aconselhada a escrever sobre o que a incomoda, 'Skeeter' encontra um tema em duas mulheres negras - Aibileen, empregada que já ajudou a criar 17 crianças brancas, mas chora a perda do próprio filho, e Minny, cozinheira de mão cheia que não arruma emprego porque não leva desaforo dos patrões para casa.
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Confesso que antes do filme "Histórias Cruzadas" (adaptação desse mesmo livro que mudou de nome), nunca tinha ouvido falar do maravilhoso "A Resposta", escrito por Kathryn Stockett. Como segue a tradição, é ainda melhor do que o filme indicado a vários Oscars.
Envolvendo-se em tramas que discutem, sutilmente, escondidas por meio de situações engraçadíssimas, questões sociais como racismo, pobreza, desigualdade, e entre outros, o livro se desenvolve envolventemente, te pegando muito rápido e fazendo você amar as três personagens femininas que conduzem a história, tão diferentes entre si, mas exemplares.
Pra começar, o livro é narrado de três pontos de vistas diferentes: O de Aibileen, a, digamos, "protagonista". Aibileen, é negra, empregada (daí o nome muito melhor, em inglês, The Help) de Hilly, uma nojenta e mesquinha dona de casa da época, branca, e assim, rica, que não fazia nada mais do que falar da vida alheia, praticar o racismo contra as empregadas, (que, btw, eram TODAS negras), embora se dissesse "sem preconceitos".
O segundo ponto de vista era o de Minny, a mais engraçada de todas, também empregada, negra, e amiga de Aibileen,. As narrações de Minny na minha opinião, eram as mais divertidas. Ela é a personagem alívio-cômico (embora isso não tire o seu total mérito e importância para a história), que se mete em situações engraçadíssimas e fala de um jeito engraçadíssimo.
E por fim, tínhamos o ponto de vista de Skeeter, filha das patroas, branca, porém segue um caminho totalmente diferente ao qual deveria seguir.
Ela é aquele personagem em que tem uma família totalmente desestruturada mas que se esconde atrás de uma faxada perfeita. Aquela que apoia as empregadas, que vê o sofrimento delas, que não se deixa ser levada pela constante maldade a qual é apresentada desde infância.
A partir daí, Skeeter toma a decisão de recrutar as empregadas para escreverem um livro de histórias das empregadas com suas patroas.
Olivro deixa bem claro que o que Skeeter está fazendo é totalmente fora do comum e extremamente perigoso. Não pense que foi fácil para ela recrutar as empregadas para narrar certas histórias.
Os negros na época eram totalmente retraídos e privados de opinião própria. É quase como o período nazista. E então em tudo isso, temos as questões sociais que são discutidas no livro.
Até que ponto uma pessoa pode chegar ao ser racista? Negros não usarem o banheiro de brancos é longe o bastante? Essas são as barbaridades que somos apresentados em "A Resposta", que embora bastante cômico (BASTANTE), é extremamente trágico e triste.
Revoltadas com essa situação, as empregadas resolvem ajudar Skeeter a escrever esse livro, e então, Jackson, Mississipi (a cidade em que a história se passa) entra em caos.
Patroas desesperadas lendo suas próprias histórias sem poder dizer as outras que era dela que estavam falando, até porque, quem iria querer dizer para as amigas que uma negra usou o banheiro que usa? Quem iria dizer para uma amiga branca, que aquela mulher do livro, que comeu o cocô de uma empregada, era ela? Então cochichos surgem, pra lá e pra cá, e cada uma vai vendo que o cenário não é tão brilhante quanto pensam. É um mais trágico que o outro, e ninguém, ninguém, nem mesmo os soberanos brancos estão livres disso.
A Resposta é um livro incrível. Mexe com você de um jeito inacreditável, e te marca eternamente. Você começa a ver que certas coisas, por menores que sejam, fazem a diferença (isso é bem clichê, eu sei).
A grande mensagem passada é que não há um motivo para cor ser diferenciada. Nem questões financeiras. No fim, todo mundo é podre, e todo mundo convive com seu podre.
É uma questão de percepção, e de como você vai levar a vida com isso.
Julgando os outros, julgando a si próprio, ou aceitando.
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