Postado por: Alina Oliveira
Os sete livros que compõem a série Harry Potter foram, cada um de seu jeito, incrivelmente importantes para mim, crescer junto com essa série significou muito, não vou tão longe a dizer que formou a minha personalidade ou mudou a minha vida, porque não ocorreu isso, mas com toda a certeza foi uma das partes mais importantes da minha infância. Quando decidimos fazer esse editorial especial para Harry Potter, escolhi o Cálice de Fogo para ser o meu livro, motivos não faltam já que esse livro é muito bom, não é meu preferido (longe disso), mas tem algo sobre ele que me faz ter um carinho especial.
Cálice de Fogo é um daqueles livros que quando você olha de primeira não quer ler, ainda mais você tem 14 anos de idade e é bem preguiçosa, porem desde o começo ele me conquistou. Na minha opinião, os livros evoluíram com o passar dos anos assim como a escrita (maravilhosa) de J. K. Rowling, e o Cálice de Fogo é melhor, em todos os sentidos, que os livros anteriores.
Em Harry Potter e o Cálice de Fogo ( que a partir de agora chamarei de CdF) é o livro que muda tudo para Harry, é nele que nada mais poderá ser como antes, é nele que Harry corre o maior risco, é nele que Harry vê o primeiro assassinato. É o livro que muda e molda a personalidade de Harry, mesmo que nós só lemos essas mudanças no próximo livro é no CdF que acontecem os fatos que em conjunto com outros acontecimentos em Ordem da Phoenix vão fazer com que Harry vire um adolescente revoltado (nem tão revoltado assim, e com certeza um rebelde com causa). É nesse livro também que tanto Harry, como Rony e Hermione, tem bons momentos apenas sendo adolescentes. Irei falar um pouco do livro e depois um pouco do filme, e vou logo avisar que acho o filme uma bela porcaria.
LIVRO
Para começar vamos dar uma olhadinha na bela capa, podem falar o que quiserem das capas dessa série, para mim elas são perfeitas e dou graças a Deus pela Rocco nunca ter lançado as versões com capa do filme, acho que essas capas guardam o que os livros significaram para a geração que cresceu lendo esses livros. Todas elas, desde o primeiro a te o ultimo, são cheias de significado para o enredo do livro, a de CdF não é diferente.
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Na capa vemos os quatro Campeões escolhidos pelo Cálice de Fogo com o Labirinto da ultima prova do Troneio como cenário, atrás deles alguns monstros que eles encontram pelo caminho lá dentro. Na contracapa, vemos ao fundo a carruagem da Beauxbatons, o Cálice e em toda a capa na parte inferior o cauda do dragão Rabo-Córneo Húngaro, eu imagino.[/caption]
Essa é uma capa é a ultima que vemos um sorriso no rosto de Harry, a partir daqui é só vemos expressões negativas. O que se encaixa muito com o fato de que no final desse livro Voldemort volta a um corpo completo, e com ele de volta com força total os tempos negros para os bruxos voltaram. Vou escrever sobre momentos pontuais no livro que são relevantes para a discussão, por isso não se ofendam com os pulos de parágrafos para outros.
A história do livro é bem concisa, tudo se amarra com ganchos antigos e novos. O começo do livro é um impacto grande, consideraria
esse primeiro capitulo do livro muito mais um prólogo que um capitulo em si, se não fosse pelo
gancho nele no final, com o Harry acordando, já nos dando um vislumbre do que será a legilimência, e a conexão entre Harry e Voldemort que será tão explorada no próximo livro e no ultimo. Esse primeiro capitulo é o mais sombrio que tinha lido numa série até aquele momento, lemos Voldemort matar o pobre trouxa a sangue frio e a maldade fica mais evidente ainda para o leitor. Temos, também, a certeza de que ele tramará algo contra Harry novamente, o que nos prepara para o que pode acontecer com o resto do livro. É uma introdução muito bem feita para o livro, da a partida do que será dali pra frente um período bem mais difícil na vida de Harry.
Já no segundo capitulo, Harry acorda do “pesadelo” com Voldemort e manda uma carta para Sirius. Vale ressaltar aqui que Harry não viu a cena pelos olhos de Voldemort, como acontece em OdF e RdM, ele apenas viu a cena como se estivesse presente nela, dando a entender que a viu pelo mesmo ponto de vista que nós vimos. Isso mostra como a escrita de Rowling ainda estava em evolução, e a história não estava completamente pronta, porem isso de maneira nenhuma interfere na qualidade geral do livro, é obvio que aqui a ideia da ligação entre Harry e Voldemort ainda estaria sendo desenvolvida para chegar a perfeição dos livros seguintes. O fato de Harry procurar Sirius para falar de sua aflição também mostra o elo que se criou entre os dois após o reencontro no livro anterior, claro que ele não é o primeiro nome que vem a cabeça de Harry, porem é o que faz mais sentido no final.
Nos capítulos seguintes somos apresentados a uma novo tipo de entretenimento bruxo, a Copa de Quadribol, que, como a Copa do Mundo de Futebol, é um grande acontecimento no mundo bruxo. Vemos fanatismos por todos os lados e rivalidades entre países. É bem interessante como a J. K. mostra que mesmo os bruxos tendo um cotidiano bem diferente dos trouxas, quando se trata dos seus esportes preferidos, eles agem da mesma forma (só que com magia). É nesse momento do livro, também, que temos os primeiros indícios das Gemialidades Weasley.
Com o fim do jogo da final da Copa Mundial de Quadribol, e até aqui o livro foi bem humorado, com Harry feliz confraternizando com seus amigos, temos uma rápida mudança para o lado pesado do livro, que vai deixando de lado a infantilidade ou coisa do gênero. O capitulo 9 e 10 tratam bem disso, com o ataque aos trouxas pelos antigos Comensais da Morte e a Marca Negra sendo projetada no céu. É notável como o livro fica pesado nesses capítulos, mais uma vez introduzindo aos leitores o que viria pela frente tanto nesse livro como nos próximos, penso que esse quarto livro da série marca o ponto médio, ele é ao mesmo tempo infantil e ingênuo como adulto e maléfico. Há uma boa dose do bom e velho maniqueísmo, que é a base da série toda. O bem contra o mal. Harry Contra Voldemort. Não é a toa que J. K. afirma ter escrito o capitulo nove treze vezes até se dar por satisfeita com ele, é um novo tom para a história.
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Ilustração de Mary GrandPré que mostra bem como Rowling descreveu o uso da Penseira[/caption]
Mais a frente no livro, conhecemos outro evento característico do mundo bruxo, o Torneio Tribruxo. E devo dizer que foi uma das coisas mais legais que J. K. criou para esse universo de bruxos, acho brilhante e incrivelmente medieval, e a cara do mundo bruxo. A dinâmica do Torneio em si já bastava para o livro ser divertido, o enredo por trás do evento só o tornou cada vez melhor. Ele é, realmente, o momento perfeito para Voldemort pegar Dumbledore desprevenido e matar Harry.
Continuando com as novidades sobre o mundo bruxo, temos também as outras escolas de bruxaria da Europa. Elas são uma representação do que é o resto da Europa, com Hoqwarts sendo a escola britânica, Beauxbatons seria a escola francesa, e Durmstrang a alemã. Até esse momento, nunca nem pensei sobre outras escolas no mundo, mas com a adição dessas duas, J. K. deixa nossa imaginação fluir com a grandiosidade do mundo bruxo. Também é nesse livro que somos apresentados a Penseira, que será tão usada nos próximos livros e uma sacada muito boa da autora.
Vamos então as três tarefas, a primeira foi o Dragão. O dragão, claro, fez Hagrid ficar interessado, e de quebra ainda conhecemos Carlinhos Weasley, irmão de Rony que morava na Romênia. Antes de falar a segunda tarefa, vamos ao baile de inverno. O baile foi a calmaria antes da pior provação de Harry no torneio. Foi o momento em que eles puderam, ser apenas jovens com suas preocupações bestas. Aqui J. K. explorou bastante os sentimentos de Harry por Cho, tanto quanto Rony e Hermione, é um capitulo ótimo e não deixa de ser bastante significativo para o enredo do livro, porem o que mais se destaca nele é o desenvolvimento dos personagens.
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3 Tarefas - Ilustração de Mary GrandPré[/caption]
Voltando a segunda tarefa, bem mais perigosa que a primeira, foi o Lago e os sereianos, aqui J. K. mostrou a importância da amizade de Harry e Ronny, além de mostrar Dumbledore roubar descaradamente pro lado de Harry lhe dando o segundo lugar da prova. A terceira tarefa, o Labirinto com a taça no centro. E esse aqui é o ponto principal na divisão de águas entre os livros anteriores e os próximos. A partir do momento em que Harry entra no Labirinto com os outros campeões e segura a taça Tribruxo junto com Cedrico ele perde a proteção de Dumbledore, e enfim Voldemort pode mata-lo.
A sucessão de acontecimentos após o toque dos dois campeões na taça é muito bem feita, primeiro a morte de Cedrico, como se não fosse nada importante já é um grande impacto no leitor, depois uma grande dose de magia negra para trazer o corpo de Lord Voldemort de volta, dessa vez mais parecido com uma cobra do que jamais fora. Vemos os Comensais da Morte reunidos novamente, e como eles, testemunhamos uma batalha entre Harry e Voldemort, uma cena muito emocionante com o embate das duas varinhas gêmeas e o priori incantatem entrando em ação. Os ecos das vitimas de Voldemort voltam para assombra-lo dando a Harry a oportunidade de fugir, graças principalmente aos ecos de seus pais.
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Priori Incantatem - Ilustração de Mary GrandPré[/caption]
Depois que Harry consegue fugir, brilhantemente, das mãos de Voldemort e do cemitério ele volta para Hogwarts e descobrimos que o Moody é na verdade o filho comensal da morte de Crouch e estava em Hogwarts a mando de Voldemort. Outra brilhante sacada de J.K., imagino que sejam poucas as pessoas que conseguiram antecipar esses acontecimentos antes de lerem eles, porem não foi por falta de pistas, elas estão espalhadas pelo livro.
O livro é brilhante, e até seu lançamento era o melhor da série, na minha opinião. Muito mais complexo que os anteriores, e é notável como a escrita da autora evolui. É nesse livro que os personagens que serão de extrema importância para Harry no futuro aparecem, e ele marca a mudança de criança para adolescente muito bem.
Não há como negar que um dos pontos altos na escrita de J. K. é a sua habilidade de criar personagens memoráveis, alguns por serem bons outros por serem ruins. Quando se fala de novos personagens a trama, Olho-Tonto Moody é o mais importante com certeza, para a trama do livro e também para o futuro de Harry, já que é por esse primeiro contato (mesmo que seja o Moody falso) que Harry descobre que quer ser auror. Outros dois importantes personagens são Bartolomeu Crouch, Chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia e Wink, sua elfa domestica, além de rever o querido Dobby. Não podemos esquecer de Bartô Crouch Jr., esse fez um estrago na sua breve permanência na série. J. K. também faz um critica a imprensa marrom, personalizando-a na personagem Rita Skeeter. Uma personagem odiável, e que representa tudo que J. K. acha de ruim nos paparazzi, com certeza. Porem, sem deixar de ser bem humorada, como em geral a autora é.
Passando o foco da analise a adaptação ao cinema dessa maravilha de livro. Foi lançado em 2005 pela Warner, com direção de Mike Newell e roteiro de Steve Kloves. Mike Newell é um ótimo diretor, tem no seu currículo filmes como Quatro Casamentos e um Funeral, Príncipe da Pérsia e amor nos Tempos de Cólera, e Steve Kloves sempre respeitou bastante a série, foi o roteirista de todos os filmes da série menos de Ordem da Fênix, e sinto obrigada a expressar minha opinião nesse momento e dizer que, OdF é um filme tão ruim que dói. Ou seja, uma dupla que tinha tudo para fazer de Harry Potter e o Cálice de Fogo uma maravilha de adaptação.
Então, como dito antes, não me agrada muito esse filme, ele é, basicamente, uma boa adaptação mas somente no roteiro, os acontecimentos são bem elaborados e de acordo com a história magnífica criada por Rowling. Porem falta algo no jeito com que a história é contada, ela não tem o mesmo espírito que o livro tem, para mim o filme se tornou muito raso e adolescente demais, não tem a seriedade que deveria começar a ter, mesmo sendo um filme infantil, não é desculpa para ser uma filme besta.
FILME
Sem duvida o filme tem seus pontos altos, ele não é um completo desperdício de tempo, ma com certeza poderia ser muito melhor do que foi. Para começar o filme não tem Dursley nenhum, o que me incomoda bastante, em contra partida a primeira cena é muito bem feita, adaptou o primeiro capítulo do livro muito bem, passa a sensação de estarmos espiando algo perigoso muito bem. As cenas deles viajando com a chave de portal para a Copa de Quadribol é muito ruim, é bem diferente da descrição do livro e as mudanças ficaram muito ruins, porem depois dela as cenas da Copa são muito boas e a marca negra também. A apresentação das outras Escolas é razoável, nada muito bom nem muito ruim, já a chegada de Moody é ótima, sua aula de Defesa Contra a Artes das Trevas é perfeita, o único problema que encontrei nela foi a quando ele mostrou a aranha sobre efeito da maldição Imperio, já que a aranha parece estar sendo levitada por todo o lado e não sendo forçada a fazer algo. E o filme segue assim, partes boas partes ruins, com algumas cenas incríveis e outras bem meia boca.
Uma coisa interessante nesse filme é interpretação do diretor de como o rosto aparece na lareira, quando Sirius vai falar com Harry seu rosto aparece em meio as brasas como se fizesse parte do fogo, quando a descrição apenas diz que o rosto aparece nas chamas. Achei bem criativa a maneira como foi adotada no filme, deveriam ter continuado assim, mas o próximo diretor resolveu mudar. Outra coisa interessante, é como o filme mostra bem o bullying que Harry sofre, poderia ser melhor, mas é bem razoável, a briga entre Harry e Rony também. Outra coisa que me incomoda terrivelmente nesse filme é a tentativa sem fim de juntar Harry com Hermione, não é um casal legal (para mim) e nada me tira isso da cabeça.
Vamos falar das tarefas, as duas primeiras são muito bem adaptadas, bastante fieis ao livro e onde os detalhes que não são fieis, são muito bem pensados e se ligam muito bem com as cenas. O dragão não deveria sair quebrando o castelo todo, porem fica muito melhor para um filme que ele quebre geral. Depois disso vem o baile de inverno, muito bem adaptado também, todo o nervosismo adolescente de Harry é muito bem mostrado, e de quebra ainda tem os ciúmes de Rony e todo aquele romance entre Hagrid e Madame Maxime. Já a terceira tarefa deixou muito a desejar, não chega nem de longe a ser tão interessante quanto o narrado no livro.
Já a volta de Voldemort é muito boa, a partir daí o filme é muito bom, poucos erros de adaptação e nada que incomode muito. Da gosto de ver esse final. Ralph Fiennes é perfeito como Voldemort, não poderia ter imaginado alguém melhor. As revelações do Moody/Crounch Jr. e Harry tomando Veritaserum também não fica muito atrás, muito bem feita.
As atuações deixam a desejar, no que diz respeito ao elenco mais jovem, Daniel e Emma não estavam bem nesse filme, suas falas eram ditas de maneira pouco natural na maioria das vezes, já Rupert fez um trabalho bom salvando um pouco as cenas do trio. Outro destaque é para a má interpretação do personagem por Michael Gambon, fazendo de Dumbledore um velho grosso e sem jeito. Talvez a culpa disse fiasco na atuação seja mais por culpa de tantas interpretações forçadas, que nem nos dois primeiros filmes da série eram assim, quando a maioria dos atores eram crianças sem experiência alguma, tenha sido culpa do diretor e seu pobre controle do elenco. Não sei dizer.
Ao todo o filme é o pior até aqui, porem, depois de ver o filme seguinte até que Cálice de Fogo melhorou no meu conceito, seus problemas são pequenos se comparados aos acertos e é um filme divertido no final das contas. Claro que, como fã, eu esperaria algo muito melhor de um livro tão bom.
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