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Critica: 12 Anos de Escravidão

Nunca é fácil fazer um filme sobre escravidão que não caia em clichês do gênero em países que carregam uma grande estigma para sua população negra, mas difícil ainda é um diretor britânico nos contar uma história sobre um escravo americano antes da guerra civil, porem nada disso importa quando vemos o quão belo e real o filme é.


Steve McQueen fez um trabalho brilhante dirigindo a adaptação das memórias de Solomon Northup, um negro livre que vive no norte do estado de Nova York, ele é um talentoso violinista que chama atenção de dois homens que oferecem a ele um trabalho bom demais para ser verdade, e assim ele concorda em os acompanhar nesse trabalho. Porem ele é trapaceado e contrabandeado para o sul dos Estados Unidos para ser vendido como escravo, e como o próprio nome do filme já diz, ele passa 12 anos de escravidão. 

Tal premissa já basta para deixar claro o tom do filme, ele vai nos mostrar muito sofrimento e humilhações pelo qual os escravos passam durante esse tempo, o que é o esperado de qualquer filme que vá falar sobre o assunto. Entretanto, o filme não se limita a mostrar como era difícil ser um escravo, ele vai usar tal situação como plano de fundo para analisar a essência do homem, vai pegar cada personagem e mostrar como aquela pessoa influencia e é influenciada por tal situação, como algumas pessoas podem fraquejar perante as dificuldades e como outras perseveram até o fim. Mas mostra principalmente como Solomon luta para não deixar sua essência de lado, como por mais oprimido que ele possa ser, sempre tem a esperança de ver sua família novamente. 

De maneira alguma Solomon é um herói nessa história, ele é vitima das circunstancias e tenta sobreviver ao novo modo de vida que lhe é imposto, e durante o filme acompanhamos a opressão mudar de rosto e de intensidade, porem ela nunca o abandona, e vemos sempre o contraste entre o bem o mal muito bem acentuado, como é o caso de seu primeiro dono, William Ford (Benedict Cumberbatch), que é um homem bondoso que enxerga os talentos de Solomon e os utiliza para beneficio de sua fazenda, e temos Edwin Epps (Machael Fassbender), que é um homem sádico e instável, um homem adepto ao pensamento de que negros não são gente. 

Quanto as atuações nesse filme, é preciso destacar Chiwetel Ejiofor como protagonista, o desespero presente no seu olhar durante o filme fala muito do personagem, seu olhar expressa muito bem cada situação, sendo sofrimento, tristeza ou esperança é sempre possível ver também desespero. Há uma cena em especial que o olhar dele fala muito mais que qualquer dialogo, a cena em que está sendo celebrado o enterro de outro escravo, o personagem se desenvolve mais nessa cena sozinha do que algum personagens conseguem se desenvolver num filme inteiro, vemos decepção se transformar em tristeza, e enquanto ele canta com todos os outros escravos vemos a esperança dele de sobreviver o abandonar aos poucos.

É notável também a atuação de Michael Fassbender, que nos dá um personagem sem qualquer sinal de bom caráter, que é um estereótipo de dono de escravos cruel. Ele é falho em muitos níveis, desde sua percepção de que os negros são menos que homens (que era um pensamento comum nessa época), a seus desvios de personalidade como sua obsessão por Patsey (Lupita Nyong'o), também é vive embriagado e é facilmente influenciado. Lupita Nyong'o também merece ser mencionada, sua interpretação é forte e se destaca, principalmente na cena do sabão.

Já Brad Pitt, que interpreta um personagem que passa rápido pela vida de Solomon, mas que significa muito, está terrivelmente deslocado no filme (pelo menos foi o que eu senti, muitos descordarão). Ele está lá para representar a revolução civil eminente, e a abolição da escravidão. É um bom personagem, mas me pareceu extremamente deslocado, porem, é sempre bom ver Brad Pitt.

Quanto a direção, devo dizer que eu sou fã do diretor desde Shame, que na minha opinião é genial, e adoro Hunger também, que é tão cru quanto os outros dois filmes e explora os personagens da mesma maneira. Os três filmes de Steve McQueen são muito bem feitos, e os três tem Michael Fassbender atuando, a parceria funciona muito bem, nós podemos notar que os dois tem uma confiança muito grande um no outro e assim McQueen consegue tirar de Fassbender atuações como a desse filme. Acho que o trabalho dele como diretor é bem mais relevante em Shame, mas em 12 Years a Slave seu trabalho é absolutamente bem feito.

Não é a toa que esse filme recebeu 9 indicações ao Oscar, é ótimo trabalho, com atuações incríveis e um roteiro emocionante. Nos faz chorar no final e pensar sobre a realidade de um homem injustiçado, e levado aos extremos mas que sempre se encontra perseverante. Sem duvida é um dos melhores do ano.



nanomag

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