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Feito para fãs da série, Homeland: Como Tudo Começou foca na vida da sua extraordinária personagem principal, Carrie Mathison, indo a fundo em sua infância, em seu transtorno bipolar, seus relacionamentos "amorosos", e seu perigoso cargo na CIA.
Mas devo avisar, duvido que as pessoas que não são fãs da série vão gostar desse livro. Não simpatizei com a escrita (suspeito que seja pela tradução porca, mas porca mesmo, dessa edição, o que me surpreende, pois foram nada menos que TRÊS pessoas que a fizeram), e Carrie Mathison não é um exemplo de personagem moral. Difícil admirar qualquer outra coisa nela a não ser sua determinação no trabalho, por mais que, pessoalmente, admire tudo nela.
Sendo, assim, o livro é única e exclusivamente sobre Carrie. O autor ainda tenta enganar o público com uma trama policial meia boca (que no começo era espetacular), mas é o óbvio que ele, na verdade, é um grande admirador da personagem e escreveu especialmente para e sobre ela.
Para os que amam Carrie, como eu, é um prato cheio. Ler detalhes de certos acontecimentos que são citados na série (lembram daquilo que ela disse que reinventou a música?), como foram seus primeiros surtos, e como lidou com a tão falada missão de Beirute antes de Brody acontecer.
É realmente bom ver como a mente da Carrie funciona, o que ela foi capaz de fazer para conseguir chegar em Brody (e isso, é um dos pontos onde moral, socialmente aceita (mas não vamos entrar nesse assunto), é um tanto quanto divergente para uma personagem feminina como estamos acostumados).
Carrie é aquele tipo de personagem única. Ela é totalmente talentosa e boa no que faz, isso ninguém pode negar, mas assusta o que ela é capaz de fazer para conseguir certas coisas. Isso é visto MUITAS VEZES aqui, não tanto quanto na série.
Saul Berenson também tem bastante presença. Aparece bem menos do que apareceu na série, mas como sempre tem bons momentos e uns diálogos bons com a Carrie.
Outros personagens da série como David Estes também tem uma presença maior aqui, já que boa parte da trama é sobre o relacionamento dele com a Carrie, citado na série, que eles tiveram no passado. Essa trama, em especial, me irritou bastante. As conversas, o David... ugh, eu não gosto dele.
Mas o livro acerta em desenvolver os personagens. O jeito como a Carrie fala, o Saul, o David... é do mesmo jeito que eles falam na série, e isso é bom.
Tecnicamente, a obra é uma vergonha. Mal traduzido ao extremo, daqueles que você fica totalmente perdido em algumas partes, com palavras que você percebe que não deveriam ter sido traduzidas pois não fazem o mínimo sentido. Eu sempre admirei a Intrínseca, mas não tinha porque ela ter feito isso com esse livro. Foi feito com o mínimo cuidado possível
E duvido que seja culpa do autor. Ele é renomado, por mais que desconhecido aqui no Brasil. A culpa foi mesmo da tradução mal feita.
Homeland: Como Tudo Começou, é um livro para os fãs da série. Duvido que alguém que não seja irá pegá-lo para ler, mas só para avisar, que se você não gosta da série, não adianta tentar, pois não vai encontrar uma obra com muita qualidade
A outra alternativa para quem não assiste ao show, que seria uma boa trama policial-política no mesmo nível da série (o livro promete ter a mesma qualidade), passa longe de ter a capacidade ao menos de ser comparada. No começo, era ótima. Tinha várias coisas soltas para se resolver, várias histórias para se concluir, e você ficava se perguntando como iria chegar ao ponto em que a série começou, mas o desfecho disso é vergonhoso. Nada se amarra, nada se conclui. A trama se perde em furos, ritmo, e enfim, se desmancha.
É um livro DA personagem, que é, em essência, um ótimo exemplo para defensores do feminismo, que querem que as mulheres tenham o mesmo direito que os homens, e etc. É esse quesito que me faz admirar tanto essa personagem magnífica como Carrie Mathison.
Agora é torcer para um livro prelúdio do Brody, contando tim-tim, por tim-tim como foi sua história com o Abu Nazir. Vamos torcer!
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