REVIEW: Bates Motel – “Check-Out”: S02E04

Sinopse: As consequências do retorno de Caleb fazem Dylan questionar sua lealdade a Norma e Norman. Christine apresenta Norma ao cenário social de White Pine. Norman fica cada vez mais preocupado com a presença de Caleb na cidade. Romero se vê no meio de uma guerra

Bates Motel retorna essa semana mantendo a corrente do 4ª episódio. Sabe, normalmente, nas séries que assisto, quando o programa completa um mês, ou seja, na quarta semana, normalmente acontecem coisas dignas de um surto no sofá. Isso, obviamente, é fruto de uma preocupação dos roteiristas para manterem seu público acompanhando a série.
Bom, Bates Motel continuou a corrente! Na temporada passada, no 4ª episódio nós tivemos Norma sendo presa, e já foi um cliffhanger enorme. Garanto que os roteiristas estavam totalmente seguros de que as mesmas pessoas que assistiram a este episódio estariam na próxima semana sentados no sofá assistindo ao programa de novo para ver no que ia dar.
Nesse 4º episódio da segunda temporada os roteiristas usaram sua principal carta, que até então estava bem escondida em suas mangas;
O que nós vimos nesse 2x04 foi a maior referência a Psicose que essa série já teve. Nós finalmente vimos a cena que define a notória fama de Norman Bates no terror cinematográfico e literário, e seu tão singular transtorno mental.
E Bates Motel, sendo uma série prelúdio na qual toda sua trama tem como base uma que outrora fora totalmente planejada, conseguiu honrar, como sempre, sua obra original, e fazer uma das melhores cenas que algum dia terá.
Resumindo: ninguém nunca espera, mas Bates Motel, de semana em semana, se supera.

Vou poupá-los da encheção de linguiça e só comentar o que realmente importou nesse episódio porque ele é MUITO importante pra ter um texto narrando, por exemplo, o plot que até então pouco importa, como o da Emma. E não que tenha sido pouca coisa que realmente importou nesse episódio. Bates Motel, como toda a série, tem seu plot-filler mas até nisso a série consegue se superar às outras, pois são plots-filler legais de ser assistir. Pois bem, vamos aos fatos:

O que nós vimos nesse episódio é, basicamente, Dylan atormentado e a completa falta de estrutura (que já era pouca) na família Bates. Ele está totalmente chateado por ter sido o último da família a descobrir que é fruto de um incesto. Uma consequência, como ele disse mais tarde. Dylan é, querendo ou não, uma consequência.
Mas entendo a Norma ter sido tão ruim com ele. Ela gosta do Dylan, de uma forma totalmente inferior à que gosta do Norman, mas gosta, ela é mãe. E entendo também essa preferência. Imagina você olhar pra cara do seu filho e lembrar que ele é o resultado da coisa mais traumatizante da sua vida inteira?
Mas foi lindo de ver a Norma colocando ele pra dormir, enquanto ele estava totalmente bêbado. Ela enrolando ele, alisando seu rosto... foi muito bonito. Uma pena que o Dylan não viu nada.

Bom, ele contou tudo ao Caleb, o que foi muito inesperado pra mim. Esperava aquele drama "Fique longe de mim, não posso contar o que aconteceu" mas não foi isso que aconteceu. Bom, pelo menos metade disso, né. Ele pediu para o Caleb ficar longe, mas logo depois perguntou se ele tinha realmente estuprado a Norma. Achei legal da parte dos roteiristas o Caleb NÃO NEGAR que ele realmente estuprou ela, mas falar que "Não foi bem assim", como se quisesse dizer que ele não tem toda a culpa no cartório. Será que a Norma manipulou tudo isso? Eu não consigo acreditar 100% nela. Vai ver ela seduzia o irmão, não sei...
Bom, o Dylan também não sabe em quem acreditar. Ele está totalmente afastado do Norman e da Norma, o que resulta em uma guerra familiar e que deixa o clima mais pesado do que sempre foi. Bom, o que importa aqui é que o Caleb negou ser o pai do Dylan. Será?

Tenho que comentar que as brigas de Bates Motel são incríveis demais pro meu gosto. Toda semana tem um barraco, mas toda semana é um barraco melhor, e melhor atuado. O que foi a Vera Farmiga nessa discussão Dylan/Norma? Simplesmente detonou! Acho que já usei todos os adjetivos possíveis para elogia-la, e no momento não consigo pensar em nenhum que realmente expresse minha satisfação com a atuação dela.
Bom, nessa discussão a Norma mais uma vez reforça o que já tinha dito, que o Caleb a estuprou, e que era totalmente indefesa, o que também reforça a dúvida do público sobre ser ou não verdade. Quem será que tem mais culpa no cartório dessa vez? Vamos aguardar.

Esse episódio também se aprofundou bastante na atração que o Norman desenvolveu pela Norma ao longo dos anos, e que já vinha sendo mostrado na série desde o primeiro episódio. Mas nesse episódio em especial superou tudo que vimos até hoje (mesmo sem selinho).
Bom, eu vejo isso como um Complexo de Édipo que raramente é tão bem explorado na televisão. Pra quem não sabe, Complexo de Édipo é uma teoria freudista que se identificada quando há uma preferência muito grande do filho pela mãe, e uma aversão pelo pai. Em alguns casos, chamamos de Complexo de Édipo quando uma pessoa, normalmente o mais novo da família, desenvolve uma atração sexual por outro membro familiar. Na maioria dos casos, essa situação ocorre entre mãe e filho.
Alguma semelhança com Bates Motel?

Portanto, o que tivemos aqui foi o programa explorando mais que nunca essa relação entre Norman/Norma. Tanto em pequenas cenas, como quando eles estão deitados na cama juntos, de conchinha, o Norman beijando o rosto da mãe, ela beijando ele...essas cenas são para chocar mesmo, visto que a série parece estar sempre à um passo de fazer esse incesto mãe/filho acontecer, tanto dito em teorias sobre Psicose. Ou quando a câmera frisou o rosto do Norman quando viu a mãe saindo com  o irmão da Christine, o ciúmes visível no olhar, e com raiva da situação. Essas cenas de Bates Motel que vem sendo mostradas para o público até hoje são importantíssimas para culminar no final brilhante desse episódio sem deixar muito escrachado o que Robert Bloch (escritor de Psicose) quis mostrar com a relação Norman/Norma, mas de forma satisfatória para os que já leram a obra, ou viram Psicose.

O primeiro surto de Norman Bates se "tornando" Norma Bates, pra quem viu ou leu Psicose, foi um prato cheio. Cena incrível, perturbadora, eu diria. Bem dirigida, e muito, muito bem atuada pelo Freddie Highmore que nessa temporada está excepcional. As expressões que ele fez, gritando com o Caleb, incorporando Norma Bates, "Você me estuprou, eu era sua irmãzinha!", e quase matando-o fazendo movimentos que foram claramente referências à cena do assassinato no banheiro em Psicose... Foi espetacular, espetacular. Parabéns aos roteiristas! Não consigo pensar em nada parecido que já fizeram sobre Psicose. Essa série está se saindo uma homenagem, para os responsáveis pelas obras originais.

Por fim, nunca estive tão satisfeito com Bates Motel. A série realmente está em sua melhor fase até aqui, desenvolveu brilhantemente um plot tão difícil como esse, e lançou na hora certa o que tinha pra lançar.
E os roteiristas, mais uma vez, conseguiram manter seus telespectadores ansiosos para a próxima semana, roendo unhas, e desesperados.
Garanto que Robert Bloch e Hitchcock estão sorrindo em seus túmulos. (Ok, essa analogia foi um pouco macabra, mas vocês entenderam o que eu quis dizer).

• Norma não contou novamente que o Norman matou o pai. Imaginando a cena, quando ele descobrir.
• Não esqueceram o plot da estrada! Nick Ford vai estar no próximo, com certeza.
• O plot da Emma foi tão mal encaixado num episódio tão sério como esse... Mas foi legal de assistir.
• Força, Norma! Aguenta a chatice da Christine mais um pouquinho, mulher.