O resultado final é um dos melhores filmes de super-herói: Trouxe uma ótima e envolvente história, com um elenco extremamente carismático, e com uma interação como poucas vistas nos filmes de equipes heroínas.
Em inúmeras cenas, com a paisagem principal de estrelas, num tom azul celeste, misturado com uma fotografia forte e vermelha, é impossível não lembrar de algumas cenas de filmes dessa época. E a personalidade de cada personagem também é bem característica: cada um bem diferente do outro, formando uma equipe que agradará a maioria.
Talvez esse tenha sido o maior acerto do filme: o diretor soube encaixar exatamente a prioridade e o tempo de cada personagem em tela, e criar uma história interessante e convincente para cada um deles, sabendo com maestria a quem priorizar: Chris Pratt, no papel do autodenominado Star Lord, Peter Quill, lidera a equipe com um personagem extremamente engraçado e carismático, que prende a atenção do telespectador, e leva a responsabilidade pelo filme brincando. Tive a sensação de que para Pratt, fazer esse filme foi moleza. O ator não se mostrou muito diferente do que podemos vê-lo na televisão, na série Parks and Recreation (onde ele já está há 4 anos), com o mesmo humor de sempre, mas sempre convincente e irreverente. Junto com ele, Peter Quill trás uma história familiar e até dramática, contrastando bastante com o que o filme mostra dele quase o tempo inteiro: o garoto perdeu a mãe, e foi abduzido por alienígenas de outra galáxia no mesmo dia e na mesma hora da perda.
Zoe Saldana lidera a equipe ao lado de Pratt, interpretando Gamora, a filha do vilão Thanos (que por sinal, vai agradar aos fãs das HQs), e trás consigo uma história de complicações "familiares", bem parecida com a de Peter, o que já cria, de cara, uma ligação com o personagem. Mas talvez Gamora seja a menos extrovertida da turma toda, e não ganha muito mérito quando o assunto é a comédia do filme. Mas isso é recompensado pela beleza e presença de Saldana em tela, mostrando, como nunca, que tem um ramo brilhante e promissor em Hollywood. Seu trabalho em avatar mostra muito menos dela, do que Guardiões.
Quem ganha na ironia e no divertimento, disparadamente, é a dupla à parte, Rocket e Groot, melhores amigos, e talvez os mais carismáticos e responsáveis pelo humor do filme. Não há nada mais irônico do que um guaxinim atirador, e um vegetal enorme, mas mole de coração.
Mais afastado do grupo todo, porém não menos importante, está Drax, o valentão e perigoso ex-pai de família, que teve sua fortaleza (mulher, e filhos) tirados pela família de Gamora, criando assim um ódio mal direcionado pela personagem, e mais uma sub-trama no meio de tantas outras do filme.
Assim, Guardiões da Galáxia cria sua liga, exalando humor e carisma, e com certeza se firma entre um dos melhores da Marvel. Desde o começo, achei a proposta arriscada. São quadrinhos já há muito esquecidos, colocados no patamar "coadjuvante" do universo todo, e ainda assim apostaram num filme, há essa altura do campeonato. Uma iniciativa louvável, e que deu muito, mas muito, certo.
Como comentaram, talvez a responsabilidade e a pressão da Marvel tenha baixado a guarda com relação a esse filme, justamente por ter personagens esquecidos. Não houve a característica "encheção de saco" dos fanáticos, e a produtora teve um caminho livre para fazer o que achava melhor, sem medo da rejeição, ou limitações.
O resultado foi um ótimo entretenimento, com a ação controlada, a trilha sonora bem colocada, os personagens bem construídos, e tudo feito com um carinho e cuidado perceptíveis.
Enfim, nos próprios pôsteres os heróis dizem "Não há de que". Acho que eles já sabiam que o meu "Muito obrigado, Guardiões", viria em breve.
