Resenha: Carrie, a Estranha
By João
10/08/2013 07:10:00 PM
resenha
Título: Carrie, a EstranhaTítulo original: CarrieAutor: Stephen KingEditora: Suma de LetrasAno: 2013Sinopse: Carrie, a Estranha narra a atormentada adolescência de uma jovem problemática, perseguida pelos colegas, professores e impedida pela mãe de levar a vida como as garotas de sua idade. Só que Carrie guarda um segredo: quando ela está por perto, objetos voam, portas são trancadas ao sabor do nada, velas se apagam e voltam a iluminar, misteriosamente. Aos 16 anos, desajustada socialmente, Carrie prepara sua vingança contra todos os que a prejudicaram. A vendeta vem à tona de forma tão furiosa e amedrontadora que até hoje permanece como exemplo de uma das mais chocantes e inovadoras narrativas de terror de todos os tempos. Com tantos ingredientes de suspense, Carrie, a Estranha logo se transformou num enorme sucesso internacional e passou a integrar a mitologia americana._______________________________________
As três palavras que mais se encaixam, pra mim, na descrição de “Carrie, a Estranha” (que pra quem não sabe, foi o primeiro livro publicado de um dos maiores escritores da história, Stephen King), são: aterrador, emocionante e brilhante.
Primeiramente, a carga de terror e horror que o livro trás é uma coisa impressionante e incrível demais para poder transmitir em uma simples resenha. Aliás, é um horror tão complexo que apenas o mestre S. King consegue reproduzir com excelência. Não é um horror igual ao que estamos acostumados.
É o horror de pensar que, apesar do livro ser uma ficção, você, infelizmente, identifica como uma forma mais “exagerada” do que presenciamos no cotidiano. Não é algo inédito, ou daquele tipo de acontecimentos que você lê e pensa: “só em livro mesmo”.
Carrie, a Estranha tem uma carga emocional enorme. É emocionante no sentido mais visceral da palavra. Lendo-o, senti TODAS as sensações e emoções que um livro pode proporcionar. Me desesperei, me senti feliz (apesar de pouquíssimas vezes), fiquei triste e, principalmente, me revoltei.
O brilhantismo disso tudo, é a forma como King nos faz tudo isso em um livro tão pequeno e com uma escrita simples, porém extremamente bem feita. Stephen King escreve daquele jeito que dá gosto, que não te deixa parar. Daquele jeito que parecem que as palavras no livro erguem braços e te agarram com todas as forças e não deixar você largar o que está em suas mãos.
É, sem dúvidas, um dos livros que mais mexeram comigo emocionalmente. Ler cada diálogo entre Carrie e a mãe louca e alucinada, os pensamentos da inocente menina atormentada por todos a sua volta, que não tem a que se agarrar, a que se apegar. Não tem uma chance de felicidade que seja. Foi uma experiência literária como poucas.
Stephen King com certeza iniciou sua carreira com uma das melhores obras (se não a melhor) de sua carreira. Não que os outros livros dele não sejam bons, mas esse em especial trás uma carga enorme de itens que resultam em um produto completo. Nesse livro você tem tudo o que precisa, desde uma escrita exemplar, até um ótimo entretenimento que, com certeza, irá mudar muitas mentes por aí, porque nunca um sofrimento foi tão bem retratado num livro como o sofrimento de Carrie White.
Como já dito, ela é uma garota extremamente inocente, porém desde pequena traumatizada pelas terríveis experiências pela qual passou, em casa, na rua, na escola. Ler o sofrimento de Carrie é uma tormenta, que é, estranhamente, prazerosa de se ler. Não por ler uma pessoa sofrendo, mas sim pela genialidade de tudo isso, pois mesmo que a obra tenha mais de 10 anos, é incrível como pode se encaixar em qualquer época, o nível atemporal é enorme. O quanto esse livro mexe com você, o quanto você fica com vontade de gritar: “Não, por favor! Não façam isso com ela! Porque?!”
Você se identifica muito com a história de Carrie (não necessariamente pelo lado dela), e é isso com que faz que esse livro seja tão único. E King, no meio disso tudo, dá lados a personagens que você enxergaria como totalmente maus, como por exemplo Sue Snell, que no início é uma das que maltratam Carrie mas lendo você percebe que ela é só mais uma influenciada pela sua roda de amigos, pelas pessoas com quem anda, e que ela não é assim, que ela tem sentimentos, que ela se sente culpada.
E quantas pessoas conhecemos que são assim?
Carrie, a Estranha é um livro necessário para qualquer um. São inúmeros os elogios que podem-se dar a esse livro, ele abrange tudo o que ainda é motivo de discussão até hoje (religião, bullying, adolescência, maldade), e não vejo um livro melhor para discussão como esse. Parece que King, não pela primeira vez, escreveu esse livro visando uma mensagem que iria ser discutida por anos e anos.
Até que limite a maldade pode chegar? E quão tênue é a linha entre maldade e vingança?
Essas são umas das inúmeras perguntas que ficam na sua cabeça ao ler essa obra incrível.
Não canso de elogiar. Um dos melhores livros do mundo.