Por Jadna Rocha e João Carlos |
"And now it's time for one last bow, just like your other selves... Eleventh's Hour is over now, the clock is striking Twelves..." |
Expectativa alta e um enredo difícil, fizeram de The Time of The Doctor um episódio frustrante a primeira vista.
Diferente dos anteriores, a história começa imediatamente nos primeiros minutos. Nos jogando no plot logo de cara, e sem ao menos dar tempo para uma ambientação (da primeira vez que vi, achei sinceramente que o Doctor tava visitando as naves inimigas só por diversão, de tão acostumada que tava em ter um alívio cômico antes de tudo começar).
Sendo assim, logo descobrimos que o Doctor, junto de Handles - uma cabeça de Cyberman que serve como uma espécie de interface - esta investigando uma mensagem que ecoa pelo universo, e que atraiu várias raças (principalmente seus inimigos) para um planeta desconhecido. Mensagem essa, que não é compreendida por ninguém, e que ainda assim, causa medo em todos que a seguem.
Enquanto investiga, ele recebe uma ligação de Clara, que o convida pra passar o natal com a sua família (parte que aliás, muita gente diz ter sido desnecessária, mas que pra mim serviu justamente pra dá ambientação e o “alivio” que faltava no episódio, mesmo que na ordem invertida). Após um incidente envolvendo a nudez do Doctor, e o peru de natal, enfim voltamos a TARDIS.
Lá, o Doctor explica toda situação para Clara, e durante isso, Handles finalmente identifica algo sobre o planeta, e descobrimos que o lugar; assim como a mensagem, tem ligação com nada mais, nada menos que Gallifrey.
Isso só intriga o Doctor ainda mais, que logo deseja entrar no planeta pra descobrir tudo por conta própria.
O planeta porém, foi blindado por uma espécie de igreja, a Mainframe Papal - Ordem responsável por toda segurança do universo. Ela é liderada por Tasha Lem, a Madre Superiora, que, por acaso, é amiga do Doctor.
Tasha, foi uma ótima aquisição a série, devo dizer. Quando o Doctor embarca na Igreja, para pedir a permissão de entrar no planeta, observamos que sua química com ele é muito boa, e o passado que ambos demonstram ter, é algo que nos deixa curiosos.
Sua personalidade também chama atenção, e nos lembra muito a de River Song. (há quem diga que elas tem alguma conexão, mas no momento são apenas teorias)
Ainda nessa Igreja, temos o primeiro contato com os Silents (vilões da 6ª temporada) que mais tarde, descobrimos serem uma espécie de sacerdotes, que foram modificados pra que os "fiéis" confessem seus pecados e depois esqueçam.
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Após uma conversa um tanto "íntima" com o Doctor, Tasha permite que ele e Clara entrem no planeta.
Com isso, os dois são teletransportados até uma cidade chamada Natal, onde mentir é impossível.
Lá, eles descobrem de onde a mensagem está sendo enviada: Uma rachadura na parede (Sim! a mesma que gerou todo o plot da 5ª temporada). Descobrimos que é atrás dela que está Gallifrey, e que os Time Lords estão tentando atravessar para esse universo enviando a tal mensagem, que, na verdade é a "pergunta mais antiga do universo": Doctor Who?
É interessante ver que a profecia de Dorium Maldovar, citada lá no fim da 6ª temporada, começa a ser realizada. E que as coisas começam a fazer mais sentido.
Com o campo da verdade, o Doctor seria obrigado a dizer seu verdadeiro nome caso respondesse a pergunta.
E aí surge um impasse: Se ele der o nome, os Time Lords vão saber que esse é lugar certo, e que é seguro atravessar. Mas isso poderia gerar uma guerra imediata, já que os maiores inimigos dos Time Lordes estão fazendo um cerco no planeta.
Diante disso, o Doctor não vê outra opção. Ele engana Clara
e a
envia para casa na TARDIS, e fica em Trenzalore
(sim, é revelado que o planeta é aquele lugar que ele visita no fim da 7ª temporada) para proteger tanto o povo de lá, quanto Gallifrey.
Já Tasha Lem resolve dedicar a
Mainframe Papal a um novo propósito:
O Silêncio do Doctor
(Silence Will Fall)E assim, todo plot da sexta temporada começa a fazer sentido. E entendemos enfim, o porquê essa Ordem queria impedir que o Doctor chegasse até aquele momento, mesmo que isso significasse a morte dele.
Acho que aqui tá um dos maiores problemas do episódio, que é não ter nenhum vilão (ao mesmo tempo ter vários), mas a ameaça verdadeira só veio através de conceitos (a pergunta a ser respondida e o dever de proteger a cidade) por isso quem não conseguiu entender tudo isso, fica meio perdido em entender as motivações do Doctor.
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No decorrer do episódio observamos o tempo passar, e, com surpresa, vemos um Doctor já envelhecido ainda lutando contra seus inimigos pela segurança do planeta. Acompanhamos isso até o retorno de Clara, e descobrimos que se passaram 300 anos desde toda essa história ter começado, e que ainda, ela passou todo esse tempo no vórtice temporal.
Isso é algo que espero ser aprofundado mais tarde, ou que tenha alguma importância na próxima temporada. Afinal, ninguém passa TREZENTOS anos no vórtice, e saí de boa. Só pra lembrar, isso já aconteceu com o Jack em Utopia, e ele morreu (por um tempo).
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Com o retorno de Clara, vemos o quanto o Doctor se sentiu sozinho durante todo esse tempo, e temos uma bela cena de despedida de Handles, a cabeça de Cyberman a quem ele se afeiçoou durante a ausência de sua companion.
Ao ver isso, Clara tenta convencê-lo a sair dali, mas ele explica que ele deve morrer ali, como eles viram em
The Name of the Doctor, pois todas suas regenerações foram usadas, e ele é o último 'Doctor'.
Durante essa conversa, Tasha envia uma mensangem convidando o Doctor e Clara de volta a Igreja, para, supostamente dar um fim ao impasse. Mas se descobre que os Daleks atacaram e dominaram a nave, usando o recurso de disfarce humano apresentado em
Aslym of The Daleks (o que achei genial, principalmente por causa da presença da Clara).
Tasha, que havia sido 'morta' e dominada, consegue voltar a si e ajuda os dois a fugir. Mas novamente, o Doctor é atingido pelo seu heroísmo e não consegue deixar as pessoas de Natal pra trás, enganando Clara mais uma vez
(Regra nº1: O Doctor mente)
Obs:. Vale a pena mencionar que o Doctor diz para Tasha que ela tem "lutado contra a psicopata dentro dela port toda a vida". E mais uma vez... isso lembra quem?
Após uma breve conversa com sua avó (que aliás foi outra bela aquisição a série, e espero muito que ela retorne futuramente), Clara escuta o barulho da Tardis. Porém, para nossa surpresa, quem encontramos pilotando a nave, é Tasha.
(hmm... será?) Ela leva Clara de volta para Natal, para que o Doctor não passe seus últimos minutos sozinhos. E assim descobrimos que mais anos se passaram e o Time Lord está ainda mais velho.
Admito que toda a sequencia em que Clara reencontra o Doctor me quebrou. A cena em que ela lê o poema que abre essa review, foi tocante demais. E o diálogo dos dois gerou a melhor cena do especial pra mim
(João falando)Quando o Doctor finalmente vai se entregar, Clara faz um brilhante apelo aos Time Lords através da rachadura.O que vale uma menção honrosa a Jenna Colleman, que consegue fazer da Clara, que é uma personagem um tanto quanto pobre (eu acho, desculpa) uma salvadora, que sempre pensa a coisa certa na hora certa, sem soar forçada ou convencida, mas sempre muito profunda e humana.
Os Time Lords concedem ao Doctor mais um ciclo de regenerações (com todas as 12 pelo que eu entendi), o que pra mim não soou como uma solução milagrosa como vi muita gente comentando por aí. O Doctor tava morrendo e ele era o último Time Lord vivo. Acho que a essa altura eles finalmente perceberam que ele não ia cair na armadilha e que nunca diria o nome, então era mais fácil conceder mais um ciclo de vida, pra que pelo menos tivessem tempo de arquitetar outro plano.
O Doctor usando o poder da regeneração pra matar os inimigos, também me pareceu meio exagerado da primeira vez, mas depois relevei. Afinal, a regeneração do 10º também foi um show pirotécnico, nada que atrapalhe.
Após isso, Clara (e nós) achamos que tinha sido a última vez de Matt Smith, mas ao entrar na Tardis, encontramos o 11º jovem novamente. Isso, porém, seria apenas parte da regeneração que já havia começado.
A partir daqui é só mais lágrimas. E a despedida é tudo que esperávamos.
Ver o Doctor se livrando da gravata borboleta, foi ao mesmo tempo cruel e simbólico. O discurso do Matt Smith também foi brilhante, muito pessoal e emocionante. E, pra fechar com chave de ouro, nada mais justo do que aquela que marcou a "Era" do 11º Doctor, fazer uma aparição.
O Primeiro rosto que aquele rosto viu, também seria o último. E de maneira singela, Amy pond se despede do seu Doutor Maltrapilho.
Raggedy Man... Goodnight
Um minuto depois já estávamos dando Oi para a nova cara do Doctor.
Devo admitir que fiquei com receio do Capaldi quando ele foi anunciado como 12th. Demorou bastante para eu me acostumar com a ideia, mas depois de conhecer melhor os trabalhos dele, e da aparição surpresa em The Day of the Doctor, o cara me conquistou. E apesar de vê-lo por pouco tempo, a gente já percebe que ele só fará bem pra série.
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Por fim, The Time of the Doctor foi um final grande, exagerado (e confuso) pro 11th Doctor, digno do Moffat. Não fez jus a seus dois episódios anteriores, mas não foi exatamente ruim.
Não sei realmente dizer no que ele tinha que melhorar, talvez foram muitas questões pra serem respondidas em pouco tempo, e/ou ritmo um pouco acelerado demais, mas se foi isso mesmo, acho que as pessoas esquecem que é um problema também de direção, nem tudo é culpa é do Moffat.
Mas com tanta promessa em cima desse episódio, é compreensível a frustração de algumas pessoas. Talvez se fosse um episódio duplo, a coisa toda seria melhor. Só resta esperar que a série aprenda com os erros que tem cometido.
E que venha a 8ª temporada!
Obs.: Esperava mais da atuação do Matt Smith, de tanto que Moffat babou ovo dele. Foi ótima, mas não foi a melhor. Nem superou a de Nightmare In SilverObs2.: Bem desnecessária aquela regra de entrar sem roupa na igreja. O tipo de coisa colocada só pra ter graça.Obs3.: Não entendi a reclamação em cima do Weeping Angels no episódio, o breve encontro com eles gerou uma ótima sequencia, e um dos poucos momentos de tensão no episódio. E, como Moffat já disse que não voltará a usá-los tão cedo, a cena valeu a pena. Obs4.: Como diabos fica The Name of the Doctor? Ainda aguardo explicação pra esse maldito paradoxo.