Review: Resurrection - S01E01: "The Returned" (Series Premiere)

Sinopse: Um garoto de 8 anos acorda sozinho em uma província chinesa. Lembra que seu nome é Jacob e que mora na Arcádia, mas a casa que ele diz ser sua está agora ocupada por um casal de 60 anos, que perdeu seu filho Jacob há 30 anos atrás.

Antes de assistir esse episódio, "Ressurection" já havia me surpreendido não só por ter a moral de colocar "Revenge" num episódio mais tarde, mas por ter obtido uma audiência fenomenal de 3.8 no demo de público alvo de 18 a 49 anos, e por mais dois motivos. Primeiro porque a um ano atrás a ABC estreava "Red Widow" que foi um desastre e segundo, porque é a primeira vez que vejo um markenting  extremamente caro ter um retorno digno, já que a décima terceira temporada do "American Idol" recebeu milhões de dólares da Fox para ter uma audiência boa, e não aconteceu até hoje, sendo "Rake", "Intelligence" e "Hostages" outros exemplos de séries super valorizadas que acabaram fracassando.

Mas vamos a essa boa, mas não ótima estreia de "Ressurection". Adaptada de uma excelente série francesa chamada "The Returned" (título original é "Les Revenantes"), a refilmagem americana evidentemente não tem a qualidade que a sua série original possui, mas tem suas qualidades e referências. Começando pela opção em carregar as emoções, porque acredito que mesmo que você seja a pessoa mais carrancuda do mundo e mais sem emoções, foi algo impossível de não se emocionar com a cena em que mãe e filho se reencontram depois de mais de 30 anos. É apelação? Com certeza, mas eu não queria ver nada mais ou nada menos de uma cena como aquela. 

Infelizmente a série não conseguiu achar o elenco dos sonhos ou pelo menos alguém que seja reconhecido pelo grande público, temos um destaque para Frances Fisher (intérprete de Lucille) que já foi vista em "Castle" e "Touch" mas nunca em papéis que lhe ajudassem a mostrar seu talento. O que funciona aqui é que os roteiristas usam e abusam de uma técnica bastante boa quando o elenco não é inteiramente sinônimo de qualidade: distribuição. Mas o que isso significa? Simples. Ora um núcleo aparece e conta um pouco da sua história, ora mais um núcleo de atores divide a cena e dialoga sobre seus medos e assim vai. Muito diferente do que "The Good Wife" faz por exemplo, que Julianna Marguiles possui quase dez minutos de cena só pra si porque tem talento e desenvoltura para isso. 

Torci muito a cara a partir do momento que percebi que a série teria sim, uma temática religiosa. Mas antes que você, leitor, venha me crucificar sobre quaisquer julgamento precipitado permita que eu tenha uma defesa. Primeiro meu problema vem que Hollywood nunca soube falar de religião da melhor maneira possível já que sempre inventou um maneira de injetar maneirismos e fantasias nas histórias, salvemos o excelente filme "Dúvida" de Mike Nichols, acabando que estregando o que seria uma boa história. E segundo, porque os americanos não são o melhor exemplo de devotos ao catolicismo, portanto eu imaginava um distanciamento bastante grande do público. Felizmente, nenhuma dessas duas coisas aconteceu. 

O elenco pode não ser bom como eu esperava que fosse, salvemos Frances e o garoto que ressuscitou, mas isso não quer dizer que os coadjuvantes tem que ser sem expressão e extremamente engessados. Não gostei da performance deles, principalmente do elenco feminino que espera ganhar elogios apenas por terem uma beleza ligeiramente interessante, e dos diálogos que não expressam inteligência nenhuma a cada frase declamada pelos atores. 

Gosto bastante da ideia de termos um padre em cena questionando a própria fé com um milagre bem a sua frente, porque isso mostra que os representantes de Deus na terra não são totalmente certos da sua fé. Isso é uma história excelente que a série deveria investir já que ninguém ainda teve a ousadia de falar de tal assunto na televisão (visto que a Showtime recentemente descartou "The Vatican"), e que essa tal maneira realmente tenha algo a agregar para a televisão, porque de boas intenções o cemitério de cancelamentos esta cheio. 

Eu não me sinto bem escutando toda essa história de "você quer acreditar?", porque sinceramente? Não é só a indústria que esta saturada desse tipo de papo nos seus projetos, mas nós (o público que lhes sustenta e financia) já esta de saco cheio em ter suas crenças questionadas. Felizmente, eu sinto que a série não vai focar nesse tipo de coisa, bem porque eles possuem excelentes mistérios em potencial para serem explorados. 

Gostando muito de ver o jovem ator em cena dando o melhor de si, mas não gostando muito de ver um sermão bastante fraco do padre em relação a milagres, este piloto de "Ressurection" é definitivamente muito melhor do que nós esperávamos que fosse, mas isso não quer dizer que o que vi foi uma plena perfeição, porque não foi. Tem muitos problemas ainda a serem corrigidos, muita história a ser ajustada e muito roteiro a ser rescrito.