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Sinopse: Uma criatura mortal está perseguindo passageiros no mais incrível trem da história - uma vez que você a vê, você tem apenas 66 segundos de vida. Sem exceções, sem prorrogações. Enquanto o Doutor corre contra o relógio para derrotá-la, Clara o vê em sua forma mais mortal e cruel. Conseguirá ele derrubar a criatura? |
Em The Big Bang, finale da 5ª temporada, o 11th recebe um telefonema na TARDIS pedindo ajuda em um tal Orient Express. Na época, isso parecia apenas uma forma de encerrar o episódio, provavelmente era só uma desculpa para os Ponds decidirem ficar com o Doctor, mas eis que 4 anos depois, o Time Lord finalmente decide atender o pedido de socorro - o que não oferece apenas o retorno a uma situação antiga, como também dá a oportunidade perfeita para os roteiristas trabalharem no plot e o encaixarem no arco da temporada.
Mummy On The Orient Express, no entanto, tem um começo bem frustrante considerando o final de Kill the Moon, e para aqueles que esperavam um melhor tratamento no "reencontro" do Doctor com a Clara, não dá pra dizer que foi satisfatório a forma que escolheram retratar isso.
O episódio começa com um pulo temporal de três semanas desde a discussão dos dois, e embora a história tenha o cuidado de estabelecer isso com um bonito diálogo entre eles, a sensação de que falta algo não deixa de ser sentida. Mostrar como Clara e o Doctor lidavam com a ausência um do outro nesse período de tempo, ou quem "quebrou o gelo" primeiro, preencheria esse vazio, e não fazer isso em um temporada focada no relacionamento e na vida dos personagens, foi uma grande perda de oportunidade. Mas enfim, o conflito entre eles ainda assim não é esquecido, e logo descobrimos que essa é na verdade a viagem de despedida deles.
Apesar disso, eles não parecem agir como se fosse, e mesmo com a promessa de que será uma viagem tranquila, ambos acabam indo atrás de problemas quando percebem que há algo de errado no trem - cada um por conta própria. Aqui a gente também já começa a ver Clara reavaliando a ideia de parar com as viagens.
Um dos elementos mais usados nessa temporada, é o jeito que "espelham" algo ou alguém no Doctor pra destacar a sua natureza e dar um desenvolvimento mais cuidadoso ao personagem, e dessa vez esse conceito é usado na companion. Maisie, uma passageira do trem, é quem funciona como o reflexo de Clara aqui, e os diálogos entre as duas mostram como Clara luta com ideia de abandonar o Time Lord, mesmo que ela não admita isso. Sua tentativa em acalmar Maisie - que se sente culpada pela morte da avó depois de tanto desejar isso -, é só mais uma evidência desse seu conflito interno, e ainda ajuda a traçar todo o caminho para a decisão que ela toma ao final do episódio.
Embora o episódio foque mais na reconciliação, ele ainda consegue manter um equilíbrio entre esse plot e o da Múmia, e o mais legal disso é que ambos conseguem ser bem desenvolvidos mesmo que o Doctor e Clara estejam separados durante a maior parte do tempo.
Aliás, sem Clara por perto, o Doctor precisa de uma certa ajuda, e é aí que entra Perkins.
O engenheiro chefe do trem é o companion da vez aqui, e não digo isso apenas porque ele ajuda o Doctor a resolver o mistério, mas também porque ele age como um, porque ele interage com o Time Lord como se eles já viajassem há bastante tempo e entende como estar com ele funciona. É um pena que o personagem tão bom quanto ele não deve voltar a fazer uma aparição, porque mais uma vez durante essa temporada, temos um personagem secundário que nos faz torcer pra que fique mais tempo na série. Os outros também não são nada ruins, mas são necessárias algumas mortes para fazer com que a ameaça seja real, não é?
Falando em ameaças, as criadas aqui também tem seu mérito. Primeiro a Múmia; foi uma sacada inteligente colocar o relógio na tela assim que ela está prestes a atacar, pois uma vez que os 66 segundos começam a rodar, não há como pará-lo e é certo que alguém vai morrer. Porém, chega uma hora que isso perde o impacto, talvez porque o jeito que a Múmia mata as pessoas seja bastante sem graça, mas pelo menos isso ajuda a criar um clima de suspense no ar, porque o episódio também brinca com o mistério de quem será a próxima vítima.
Gus, o computador, é a ameaça real aqui, um vilão invisível. Assim como o Doctor agiu como o Arquiteto em Time Heist, ele age aqui, manipulando todo o cenário. Sua forma de fazer com que os outros cooperem com ele não é nada agradável, e é interessante ver o quanto ele deixa o Doctor impotente - colocando o Time Lord em uma situação que o obriga a agir da forma mais fria possível, ativando seu modus operandi, por assim dizer.
Uma coisa que o 12th deixou claro desde Into The Dalek; Ele não vai sentar e se lamentar pelos mortos, quando ele tem ainda tem pessoas pra salvar. Esse complexo de Deus acabou! Ta na hora de ser racional. Durante o episódio ele segue essa linha de pensamento, e assim que os ataques começam, ele encara o fato de que não pode fazer nada, apenas aprender com a morte dos outros. É como ele diz pra Clara: As vezes as únicas escolham que você tem são as más, mas vocês ainda tem que escolher. Essa frase ainda aproveita pra mostrar o lado dele no final de Kill the Moon, e demonstra que essa sua frieza é apenas uma ferramenta para atingir os objetivos.
A resolução do caso é simples e rápida, mas não é algo besta como o final de The Power of Three, que resolve o problema apenas apontando a sonic screwdriver. Pelo contrário, é até significativo, e usa mais uma vez o elemento do soldado, algo que assim como robôs, ta sendo recorrente na temporada. É quase certo que isso terá maior relevância mais tarde, afinal, o porque desse fascínio de Gus em descobrir como a "ressurreição" da criatura funciona? O Doctor ainda revela que o computador sempre tentou atraí-lo para o trem, que foi ele quem ligou pra TARDIS no final da 5ª temporada. Mas como ele sabia o número do Doctor? Ficou claro que alguém estava por trás dele, comandando tudo. Seria a mulher da loja? Missy? Não vamos esquecer que alguém não quer que Clara e o Doctor se separem, e qual foi a decisão final da companion depois de tudo? pois é...
Agora, sobre a decisão de Clara em ficar com o Doctor; isso foi mesmo um final feliz? Mummy On The Orient Express fechou um ciclo que se iniciou em The Caretaker e Clara admitiu que essa vida na TARDIS virou um vício. É ruim? Sim! Mas vício é vício, não é tão fácil assim de se largar. É como Perkins disse, esse tipo de vida pode mudar uma pessoa, e aqui começamos a ver que nem sempre é para melhor. Quando mentiu pra Maisie, já dava pra ver a mudança em Clara. A companion se parece com o Doctor cada vez mais, e no final ela própria foi um reflexo do Time Lord.
Veja bem, no decorrer da série a gente aprendeu que as viagens nem sempre são um parque de diversões para o Doctor, e que mesmo assim ele continua, não importa quantas vezes ele se machuque. Essa é uma vida que ele nunca vai conseguir largar. Agora, Clara também ta assim, mas até onde isso vai levá-la? É certo que isso será ruína dela, e até a finale isso vai dar merda; porque diferente de Donna, que só melhorou com as viagens, Clara tem uma vida estável, e isso com certeza vai prejudicar quem está ao seu redor. Ou seja, a decisão de ficar foi apenas uma consequência de Kill the Moon, estabelecendo aqui, que a relação dos dois não é saudável, e sim codependente - Algo que só pode levar a tragédia.
Apesar disso, eles não parecem agir como se fosse, e mesmo com a promessa de que será uma viagem tranquila, ambos acabam indo atrás de problemas quando percebem que há algo de errado no trem - cada um por conta própria. Aqui a gente também já começa a ver Clara reavaliando a ideia de parar com as viagens.
Um dos elementos mais usados nessa temporada, é o jeito que "espelham" algo ou alguém no Doctor pra destacar a sua natureza e dar um desenvolvimento mais cuidadoso ao personagem, e dessa vez esse conceito é usado na companion. Maisie, uma passageira do trem, é quem funciona como o reflexo de Clara aqui, e os diálogos entre as duas mostram como Clara luta com ideia de abandonar o Time Lord, mesmo que ela não admita isso. Sua tentativa em acalmar Maisie - que se sente culpada pela morte da avó depois de tanto desejar isso -, é só mais uma evidência desse seu conflito interno, e ainda ajuda a traçar todo o caminho para a decisão que ela toma ao final do episódio.
Are you my Mummy?
Embora o episódio foque mais na reconciliação, ele ainda consegue manter um equilíbrio entre esse plot e o da Múmia, e o mais legal disso é que ambos conseguem ser bem desenvolvidos mesmo que o Doctor e Clara estejam separados durante a maior parte do tempo.
Aliás, sem Clara por perto, o Doctor precisa de uma certa ajuda, e é aí que entra Perkins.
O engenheiro chefe do trem é o companion da vez aqui, e não digo isso apenas porque ele ajuda o Doctor a resolver o mistério, mas também porque ele age como um, porque ele interage com o Time Lord como se eles já viajassem há bastante tempo e entende como estar com ele funciona. É um pena que o personagem tão bom quanto ele não deve voltar a fazer uma aparição, porque mais uma vez durante essa temporada, temos um personagem secundário que nos faz torcer pra que fique mais tempo na série. Os outros também não são nada ruins, mas são necessárias algumas mortes para fazer com que a ameaça seja real, não é?
Gus, o computador, é a ameaça real aqui, um vilão invisível. Assim como o Doctor agiu como o Arquiteto em Time Heist, ele age aqui, manipulando todo o cenário. Sua forma de fazer com que os outros cooperem com ele não é nada agradável, e é interessante ver o quanto ele deixa o Doctor impotente - colocando o Time Lord em uma situação que o obriga a agir da forma mais fria possível, ativando seu modus operandi, por assim dizer.

A resolução do caso é simples e rápida, mas não é algo besta como o final de The Power of Three, que resolve o problema apenas apontando a sonic screwdriver. Pelo contrário, é até significativo, e usa mais uma vez o elemento do soldado, algo que assim como robôs, ta sendo recorrente na temporada. É quase certo que isso terá maior relevância mais tarde, afinal, o porque desse fascínio de Gus em descobrir como a "ressurreição" da criatura funciona? O Doctor ainda revela que o computador sempre tentou atraí-lo para o trem, que foi ele quem ligou pra TARDIS no final da 5ª temporada. Mas como ele sabia o número do Doctor? Ficou claro que alguém estava por trás dele, comandando tudo. Seria a mulher da loja? Missy? Não vamos esquecer que alguém não quer que Clara e o Doctor se separem, e qual foi a decisão final da companion depois de tudo? pois é...
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Agora, sobre a decisão de Clara em ficar com o Doctor; isso foi mesmo um final feliz? Mummy On The Orient Express fechou um ciclo que se iniciou em The Caretaker e Clara admitiu que essa vida na TARDIS virou um vício. É ruim? Sim! Mas vício é vício, não é tão fácil assim de se largar. É como Perkins disse, esse tipo de vida pode mudar uma pessoa, e aqui começamos a ver que nem sempre é para melhor. Quando mentiu pra Maisie, já dava pra ver a mudança em Clara. A companion se parece com o Doctor cada vez mais, e no final ela própria foi um reflexo do Time Lord.
Obs: Sim, a review atrasou muito! Desculpem por isso.
Obs 2: Abaixo tem a versão completa do cover da cantora Foxes de Don't Stop Me Now, o clipe tem várias cenas dos últimos 4 episódio, pra quem se interessar.
Obs 3: A complexidade dos personagens nessa temporada <3

Promo do próximo episódio
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