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Crítica | Godzilla


Contrariando as inúmeras expectativas que o público tinha, de que Godzilla seria mais um blockbuster que segue a linha dos outros com o mesmo tema (onde tudo o que se vê e ouve na tela é pancadaria, destruição, e barulho), o reboot do rei dos monstros se diferencia em não lidar com o que seria o principal item do filme o tempo inteiro [a criatura], e opta por não esfregar na cara do espectador o temido monstro, mas guardá-o, e passa a transformá-lo em mais um personagem na trama toda, oculto, se mostrando por partes, e lentamente, ao longo do filme. Sendo assim, para a montagem do roteiro, somos introduzidos na vida de uma família, e vamos acompanhá-la o tempo inteiro, desenvolvendo apatia por ela, enquanto o filme com a ausência do monstro, constrói um clima, um ritual, uma preparação para o "finalmente", para o vislumbramento, depois de muito mistério, do grandioso Godzilla.
E o resultado, garanto, vale a pena.

Já de cara, nos vemos assistindo a uma abertura fenomenal, com flashbacks, mostrando experimentos do governo que deram errado, e foram ocultos da sociedade por alguma razão grandiosa, que se fosse revelada poderia acarretar em um caos mundial iminente. O filme já te pega daí, nos três primeiros minutos iniciais, e ao término, você percebe que esses minutos foram tão bem colocados, tão bem explicados, que pouparam o que poderia ter sido uma encheção de linguiça enorme. A minha satisfação com Godzilla já começa daí.

O interessante, foi perceber que 40 minutos depois do filme, o que parecia ser o principal item dele, o monstro, não tinha aparecido ainda, e o destaque era dirigido para um outro item do filme, totalmente diferente do que era esperado. "Não, mas esse não é o Godzilla", eram os murmúrios que se ouvia na sala do cinema, junto com tantos outros demonstrando insatisfação com o que estavam vendo. Mas aos poucos, quando o filme foi mostrando seu principal propósito, sua essência principal, esses comentários insatisfeitos foram substituídos por antônimos, e mais pro meio, eram respirações ofegantes, urros, exclamações.

E isso tudo, essa evolução no sentimento das pessoas em relação ao filme, foi fruto da excelência com que Gareth Edwards (o diretor), escolheu em relação a edição e preparação para o aparecimento da sua obra-prima, o seu monstro colossal, o seu Godzilla. Quero dizer, particularmente, para os que estão lendo essa crítica, e que ainda não assistiram ao filme, que tirem da mente a ideia dos Godzilla's anteriores, onde, no filme, o monstro só destrói, é só barulheira, só desastres gratuitos.
Nesse reboot, tudo tem um motivo, um porque. É tudo muito encaixado, verossímil, fácil de acreditar, fácil de se apegar, de se sentir dentro do filme. Isso é, boa parte, devido a ótima atuação de Bryan Cranston, que introduz o filme, numa emocionante história familiar, que culmina aos extremos do enredo, e na história montada PARA os monstros (sim, no plural. Desculpem se estraguei essa).

Os duelos gigantescos, que preenchem não só a tela, mas toda a atenção do espectador, as cenas emocionantes, estão na medida certa, nada exagerado, embora um monstro fictício e gigante esteja lá, destruindo cidades. Descrevendo assim, parece mesmo um besteirol, um "mais do mesmo". O problema é quando os valores se invertem, e acabamos torcendo para quem deveríamos azarar. É nesse ponto que Godzilla se diferencia, nos fazendo sentir as emoções de cada um dos personagens, seus motivos, seus inúmeros lados da história, suas dependências. Nós os entendemos, até mesmo os monstros.

Tocando no assunto monstro (que acho que é o que todos esperam), tenho que dizer que os rumores são verdadeiros e não, ele não aparece tanto assim. Mas digo com toda a certeza, as partes que ele o faz, satisfazem com uma execução brilhante.
Tudo que o Godzilla faz nesse filme satisfaz. São sequências espetaculares de efeitos especiais benfeitos, trilha sonora bem executada, cenas de ação na medida e duração certa... é tudo beirando a quase-excelência, não fosse alguns defeitos, como o desperdício de atuação de Bryan Cranston, onde o foco é, na verdade, o personagem de Aaron Taylor-Johnson, que está longe de construir uma boa performance nesse longa, mas que é irrelevante, sendo que outras coisas estão em jogo, e por mais que o filme foque no lado humano, e o monstro não apareça tanto, como disse, consegue ser maior que tudo.

É como aquele velho ditado, em que Godzilla se encaixa perfeitamente: "Menos, é mais".
Edwards construiu o tributo perfeito para os fãs do monstro, com inúmeras referências a desastres naturais, itens da cultura Japonesa, clima... ele conseguiu tocar na ferida daquela população tão devota, sem feri-la, e sim orgulhá-la.
Um filmaço. Colossal, assim como seu monstro.





nanomag

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